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Antony Gormley

A escolha deste autor é em primeiro lugar devido à  identificação pessoal e admiração da obra deste artista,  por outro lado pela componente reflexiva deste autor na área da antropologia e da figura humana que demonstra uma das maiores considerações no projecto de design e arquitectura, a escala humana, a espacialidade e as necessidades humanas. No design de interiores e arquitectura a proximidade mais evidente às belas artes é a escultura uma vez que trata a tridimensionalidade e a espacialidade. Neste contexto, a primeira escultura escolhida é uma das suas primeiras obras de gesso de 1973.

Sleeping Place, 1973

Sleeping Place, 1973

Acerca desta obra o artista afirma:

“I have been touched by the repeated sight all over India, in the streets and on railway platforms, of people asleep covered by thin cotton saris or dhotis. They described the minimum space necessary for a person to establish shelter.

The very first works that I made on returning were plaster-soaked sheets that were laid over the bodies of friends to make simple hollow shells that were both abstract and yet specific. This was the first experiment in making minimal spaces that were particular to individual people, but formed real architecture.”

Antony Gormley

Antony Gormley nasce em Londres em 1950 e  é um dos mais reconhecidos escultores da actualidade. O seu percurso académico começa nas ciências sociais nas áreas da arqueologia, antropologia e história da arte.

Depois de uma passagem de três anos pela ásia interessado pelo budismo, volta a londres e estuda escultura na sua pós-graduação em algumas das mais emblemáticas escola de arte do reino unido, como a Central School of Art, Goldsmiths College e na Slade School of Art na década de 70. Tem exposto nos museus mais badalados da arte contemporânea mas para além de expôr em galerias, a sua arte tem-se tornado cada vez mais arte pública na medida em que tem várias exposições ao “ar livre”, em meios urbanos e outros com o intuito de tornar a sua obra mais acessível a todos.

O seu valor tem sido reconhecido através da atribuição de vários prémios como o prémio Turner, em 1994, o South Bank de artes visuais, em 1999, e o Bernhard Heiliger de escultura. Em 2007, tornou-se curador do British Museum, em Londres. É membro honorário do Royal Institute of British Architects e doutor honorário da Universidade de Cambridge, Gormley é integrante da Royal Academy desde 2003.

Talvez tenha sido a passagem pela antropologia que despertou o interesse de Gormley pela figura humana. A sua escultura baseia-se na reflexão sobre a relação da figura/volume humana com o espaço, tendo em especial consideração a relação com o elemento ar. A maioria das suas esculturas são construídas à escala real, à dimensão humana, refletindo sobre questões da condição humana como os seus medos, angústias, perdas e a relação com a natureza.

Standing Matter é um exemplo de uma obra à escala humana que embora seja elaborada num material que revela peso/gravidade na sua matéria, é de uma leveza e singeleza extraordinárias. Aqui a intenção, parece do ponto de vista pessoal e imediato a da aparente robustez orgânica do corpo humano sob a forma de construção atómica, que se desintegra aos poucos, isto é, mostra um animal com debilidades, vulnerabilidades. Um humano que se destroí e auto-destroí no seu percurso. No entanto, o que revela sobre esta série de obras em “bolas” é:

“At a certain point in the late 1990s I started thinking about the relationship of mass and space as dynamic, taking hand forged balls and making constellations that convey something about entropy and aggregation in a direct way. The balls on the floor can roll about anywhere, other balls are fixed in clusters like molecules.

All bodies are attracted to each other and the relationship between man and dog is one of the oldest of attractions across species. The installation of BODIES IN SPACE V acknowledges that all bodies are bodies in space, whether they are the quarks and muons of the subatomic world or the planets of a solar system.”

Antony Gormley

Standing Matter I, 2001

Standing Matter I, 2001

O seu molde é o seu próprio corpo dando às suas esculturas um forte sentido de realidade e humanidade. As suas obras podem atingir dimensões surpreendentes como a Angel of the North com 22 metros de altura e 54 metros de comprimento ao longo das asas. De acordo com o escultor, esta obra tem três significados, o primeiro uma invocação aos mineiros que trabalharam no local, Gateshead no norte de inglaterra, o segundo a compreensão da passagem era industrial para a da informação e por último em jeito de conclusão, para servir como um foco para as esperanças e medos de evolução. Gormley entende o corpo humano como espaço de memória e constante transformação.

Angel of the North, 1998

Angel of the North, 1998

A partir da década de 90 interessa-se cada vez vez mais pelas questões da condição humana realizando instalações de dimensões gigantescas como a Field. Afirma que queria trabalhar com pessoas sobre o futuro e a responsabilidade de cada ser humano na construção de um futuro comum. Com este propósito as esculturas da instalação resultam da entrega de bolas de barro a várias populações rurais onde Gormley pedia que neste material apenas lhe fizessem olhos, esta série foi realizada em cinco locais do mundo. Isto culminou em instalações em que o observador tem diante de si milhares de personagens, sendo absorvido por milhares de olhares com distintas emoções.

Field, 1991

Field, 1991

Pormenor de Field, 1991

Pormenor de Field, 1991

Cerca de 200 000 esculturas preenchiam completamente os espaços onde foram expostas, excluindo o observador, mas permitindo a sua observação e a reflexão imaginativa da testemunha.

A eleição destas quatro obras para este artigo faz-se para mostrar cada um dos  tipos de obras que tem executado ao longo da sua carreira. A primeira opção, Sleeping Place, serve para evidenciar a identificação pessoal com o artista. As seguintes, a relação da figura humana à escala real com o espaço sendo o corpo do artista o seu próprio molde, Standing Matter,  a obra com característica monumental devido à sua dimensão dirigida não a um espectador mas a uma comunidade, Angel of the North, e por fim a obra que mostra o seu envolvimento e interesse pessoal pelas questões da diversidade humana do ponto de vista cultural e social, assumindo que a sua vontade seria a unidade do ser humano para construir um novo mundo apesar das suas diferenças na obra Field.

Gormley tem uma vasta obra sob vários pretextos, desde os mais individuais aos comunitários mas sempre com uma perspectiva humana e humanitária, desde a fisicalidade até às relações e reflexões sociais. Assim, as suas obras rasam campos de interesse muito variados desde o design e a arquitectura até às áreas das ciências sociais. A sua obra, interesses e percurso profissional podem ser visitados na integra em  http://www.antonygormley.com/.

http://www.ted.com/talks/antony_gormley_sculpted_space_within_and_without.html

Fontes eletrónicas:

http://www.antonygormley.com/

http://www.britishcouncil.org/brasil-artes-antony-gormley.htm

http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=64225&visual=2&langId=1

http://www.picassomio.es/antony-gormley.html

Trabalho de Joana Brochado Neto (PG23481)

Graças ou Cárites

Na mitologia grega, Graças ou Cárites são as deusas do encantamento, da beleza, da natureza, da criatividade humana e da fertilidade da dança. Eram filhas de Zeus e Hera, segundo umas versões, e de Zeus e da deusa Eurínome, segundo outras. Pela sua condição de deusas da beleza, eram associadas a Afrodite, deusa do amor (ou a Vênus, na mitologia romana) e dançarinas do Olimpo. Também se identificavam com as primitivas musas, em virtude da sua predileção pelas danças corais e pela música.

O nome de cada uma delas varia nas diferentes lendas. Na Ilíada de Homero aparece uma só Cárite, esposa do deus Hefesto. Apesar das variações regionais, o trio mais frequente é:

  • Aglaia – a claridade;
  • Tália – a que faz brotar flores;
  • Eufrosina – o sentido da alegria.

Graças (ou Cárites) eram jovens e muito bonitas, mas principalmente modestas. Estavam sempre a dançar e é precisamente a atitude de dar as mãos e começar a dançar como a arte que mais as tem  representado.

Embora pouco relevantes na mitologia greco-romana, a partir do Renascimento, as Graças tornaram-se símbolo da idílica harmonia do mundo clássico. Nas primeiras representações plásticas, elas apareciam vestidas. Mais tarde, contudo, foram representadas como jovens desnudadas, de mãos dadas.

Este tema mitológico tem sido retratado inúmeras vezes e desde muito cedo na história da arte. De mosaicos e relevos gregos e romanos, passando por Bottichelli, Lucas Cranach, Correggio, Rubens, Rafael e muitos outros artistas.

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